Máscara social
E quando ela passava pela rua, todo o asfalto, e os buracos, e as lajes, e o papel de bala jogado ao chão, e os pássaros nas árvores, e o sol, e as nuvens, tudo se tornava uma coisa só para que ela deslizasse faceira. E, assim, somente ela se destacava na imensa massa condensada de bichos e concreto e astro e papel de bala, pois ela era a rainha da rua.
Somente as vozes mudas das pessoas e os olhares agudos do preconceito não a percebiam. Para as gentes ela era apenas o que a cor da pele "sugeria" sobre ela: a filha de alguma doméstica que nem sabiam se era alta ou baixa, bela ou feia, pessoa visível ou animal invisível. Mas, mesmo assim, ela desfilava em seu reinado, pois o asfalto, e os buracos, e as lajes, e o papel de bala jogado ao chão, e os pássaros nas árvores, e o sol, e as nuvens de algodão doce, tudo se tornava uma coisa só para reverenciar a rainha da rua.
Ela não usava máscaras; apenas sorria faceira.
Imagens: Google Images
Capturado em 09/12/11
Por Sheila Cristina Venturini Rodrigues
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