Todas as escolas de Ensino Médio do país devem ter recebido os materiais de divulgação da 7ª edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, que contêm as informações relativas às categorias do prêmio, sobre como se pode concorrer e efetivar a inscrição e, ainda, sobre os prêmios que serão oferecidos aos agraciados na etapa nacional e por unidade da federação.
As seis edições anteriores envolveram milhares de estudantes brasileiros na produção de conhecimento a respeito das relações de gênero no País, com destaque à participação dos jovens de ensino médio cujas inscrições triplicaram nesses seis anos.
Entretanto, se pensamos no que o Prêmio significa e qual o seu potencial de alcance, percebemos que temos um enorme desafio – o de imprimir-lhe uma escala muito maior do que a que temos hoje. Os estereótipos e preconceitos de gênero presentes de forma tão arraigada na sociedade brasileira, geradores de graves discriminações e desigualdades entre homens e mulheres, têm sido reproduzidos como se fossem naturais por meio da educação formal e informal. Porém sabemos que, se por um lado a escola pode servir para reforçar os modelos autoritários, preconceituosos e discriminatórios, por outro pode também ser um importante instrumento de transformação, razão pela qual vimos solicitar seu apoio no sentido de fazer essa preocupação chegar ao conjunto de professoras/es e profissionais da educação da sua escola.
Embora as mulheres brasileiras sejam 51,04% da população brasileira, 51,95% das/os eleitoras/es do país e 43,9% da população economicamente ativa, persistem inúmeras desigualdades: entre outras, as mulheres são mais atingidas pelo desemprego e ganham em média 30% menos do que os homens; 24% delas já foram vítimas de algum tipo de violência doméstica; e milhares de mulheres morrem por causas ligadas à maternidade e perfeitamente evitáveis. As desigualdades na educação diminuíram nos últimos anos, mas existem profundas diferenças entre as mulheres, relacionadas à classe social, raça/etnia, geração e moradia, nas cidades ou área rural. Além disso, as mulheres são direcionadas para os cursos que levam às profissões menos valorizadas, sofrem barreiras para chegar aos cargos de poder – tanto na esfera privada quanto pública – e estão sub-representadas no legislativo.
A escola, por seu alcance e capilaridade, pode contribuir para a construção de uma nova cultura. Por meio dos estabelecimentos de ensino e aproveitando a ocasião de realização do Prêmio, essa situação pode ser questionada, contribuindo-se para a desconstrução dos estereótipos e representações presentes na sociedade, que reservam aos homens o espaço público e à mulher o privado, que mostram os homens como provedores e as mulheres como cuidadoras, quando se sabe que cada vez mais são provedoras e continuam tendo que se responsabilizar pelos cuidados de toda a família.
É nesse contexto que se dá a importância do Prêmio. Existem avanços nos direitos das mulheres, no entanto ainda é necessário um longo caminho, que combine mudanças nas condições econômicas e materiais, com uma cultura em que as diferenças entre mulheres e homens deixem de ser transformadas em desigualdades.
O Prêmio – tanto na categoria que envolve as/os estudantes, como na categoria “Escola Promotora da Igualdade de Gênero” – tem se constituído numa oportunidade valiosa no sentido de levar essa reflexão para dentro da escola e, por meio dela, para toda a comunidade escolar, podendo trazer contribuições significativas ao combate a todas as formas de discriminação, violência, preconceitos e desigualdades entre homens e mulheres.
Assim, reforçamos o convite para participação na categoria “Escola Promotora da Igualdade de Gênero” e contamos com sua contribuição no sentido de divulgar e estimular a elaboração de redações e a participação das/os estudantes de sua escola nesta 7ª edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero.
As inscrições estão abertas até o dia 16 de setembro de 2011, sendo que maiores informações podem ser encontradas nos folhetos entregues em sua escola ou no site
Um forte abraço,
Iriny Lopes
Ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres
A oportunidade que nós, professores e professoras, temos de trabalhar a questão da diversidade de gênero em sala de aula é impar. Há um texto de Ruth Rocha "Faca sem ponta, Galinha sem pé" que apresenta questão de forma leve e divertida, podendo ser adotado para o trabalho durante a participação no concurso. A autora explora o estigma social quando cita, por exemplo:
ResponderExcluir"- Mãe, olha a Joana encarapitada na árvore. Parece um moleque!
- Moleque é o seu nariz! - gritava Joana. -Você toda hora está em cima de árvore, por que é que eu não posso?
- Não pode porque é mulher! Por isso é que não pode. E não adianta vir com conversa mole, não! Mulher é mulher, homem é homem!"
Dessa forma apresenta uma ideia ainda viva nos dias atuais a de que homens e mulheres são diferentes e, portanto, devido a características peculiares a cada um, cada qual deve desenvolver atividades a elas relacionadas, não pelas condições físicas ou psíquicas, mas por aquelas estabelecidas pelo senso comum. Dessa forma, explora essas diferenças no texto e propoe uma troca de lugares (entenda-se 'lugares' como 'essência') - um menino preso a um corpo de uma menina e uma menina presa a um corpo de menino. A partir daí afirma que, apesar das diferenças, cada um ou cada uma pode realizar qualquer atividade, desde que esteja disposto ou disposta. Esta afirmação vem da convivência diária onde os irmãos onde um realiza as atividades antes pertinentes ao outro - e vice-versa - com a mesma destreza ou até melhor, descobrindo novas possibilidades e explorando novos conceitos de vida e 'liberdade' e quebrando paradigmas.
Sheila Cristina Venturini Rodrigues