Era uma vez um velho homem que vendia balões numa quermesse.
Evidentemente, o homem era um bom vendedor, pois deixou um balão vermelho soltar-se
e elevar-se nos ares, atraindo, desse modo, uma multidão de jovens compradores
de balões.
Havia ali perto um menino negro.
Estava observando o vendedor e, é claro, apreciando os balões.
Depois de ter soltado o balão vermelho, o homem soltou um azul, depois um amarelo e
finalmente um branco.
Todos foram subindo até sumirem de vista.
O menino, de olhar atento, seguia a cada um.
Ficava imaginando mil coisas...
Uma coisa o aborrecia, o homem não soltava o balão preto.
Então aproximou-se do vendedor e lhe perguntou:
- Moço, se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria tanto quanto os outros?
O vendedor de balões sorriu compreensivamente para o menino, arrebentou a linha
que prendia o balão preto e enquanto ele se elevava nos ares disse:
- Não é a cor, filho, é o que está dentro dele que o faz subir.
Anthony de Mello
Publicado no jornal "A Notícia" em 05 de julho de 2011
Certamente o menino esperava ouvir que 'o balão preto era menos capaz que os outros' ou 'que era mais bonito, por isso ficara para ser vendido', ou 'que ele deveria permanecer junto aos demais apenas para fazer número'... enfim, uma gama de respostas que justificariam a atitude do vendedor. Acredito, porém, que esse fato em uma pracinha de nosso municipio por exemplo, não prepararia o espírito do menino para a resposta do vendedor de balões: "não é a cor, filho, é o que está dentro dele que o faz subir". O que o vendedor disse ao menino simplesmente mostrou-lhe que ele não deve julgar-se melhor ou pior que ninguém, e sim, igual aos demais em todos os seus direitos, deveres e responsabilidades.
ResponderExcluirSheila Cristina Venturini Rodrigues